Borda do Campo e o limiar da memória
No imaginário popular, a relação entre irmãos é rica em simbolismos: a semelhança, a repetição, a dualidade, a simetria. Pensando nesses signos, a agência Gamma produziu o curta "Borda do Campo", um relato sobre a infância de duas irmãs que voltam a ter contato depois de muitos anos.
Para que pudéssemos reproduzir esses símbolos - da dualidade, da repetição -, a direção de arte foi fundamental no processo. "Procuramos utilizar figurinos semelhantes nas personagens, para que passasse realmente a impressão de conexão e ligação entre as duas", diz a diretora de arte do filme, Aline Bonn.
Foto: Natália Moraes |
Para a construção das personagens, as referências foram muitas: desde as irmãs melancólicas e cheias de segredo de "As Virgens Suicidas" até as irmãs cheias de inocência e vontade de explorar o desconhecido de "O Espírito da Colmeia". Ultimamente, as personagens simbolizam aquilo que todas as infâncias passam por: o seu término e a nostalgia que se tem dela na vida adulta.
Filme "O espírito da Colmeia" |
O roteirista responsável pela narração, Luciano Simão, teceu um trabalho sentimental em sintonia com a arte do curta, contribuindo para uma identidade onírica e reflexiva, que tornou-se o objetivo deste trabalho desde a sua concepção. "As minhas maiores inspirações, na verdade, não tem nada a ver com o tema central do curta, mas sim com essa atmosfera que ele passa".
Com a arte, a fotografia e o roteiro caminhando na mesma direção, tentamos criar um curta etéreo, beirando o onírico, que atua nas bordas do real e do imaginário. Para a diretora do filme, Natália Moraes "a ideia era captar uma atmosfera, priorizar o sensorial ao invés da história em si".
Texto: Gabriel Massaneiro e Natália Moraes