Borda do Campo e o limiar da memória

20:04 agenciagamma 0 Comments


No imaginário popular, a relação entre irmãos é rica em simbolismos: a semelhança, a repetição, a dualidade, a simetria. Pensando nesses signos, a agência Gamma produziu o curta "Borda do Campo", um relato sobre a infância de duas irmãs que voltam a ter contato depois de muitos anos.

Para que pudéssemos reproduzir esses símbolos - da dualidade, da repetição -, a direção de arte foi fundamental no processo. "Procuramos utilizar figurinos semelhantes nas personagens, para que passasse realmente a impressão de conexão e ligação entre as duas", diz a diretora de arte do filme, Aline Bonn. 

Foto: Natália Moraes
O filme é conduzido por uma das irmãs, que através de uma narração poética revive os acontecimentos de suas infâncias até a triste separação enquanto a outra, exilada de seu passado, retorna às suas origens, tanto geográficas quanto emocionais. A separação das personagens remete à película de Lars von Trier, "Melancolia", que analisa a distância emocional entre duas irmãs diante do fim do mundo.

Para a construção das personagens, as referências foram muitas: desde as irmãs melancólicas e cheias de segredo de "As Virgens Suicidas" até as irmãs cheias de inocência e vontade de explorar o desconhecido de "O Espírito da Colmeia". Ultimamente, as personagens simbolizam aquilo que todas as infâncias passam por: o seu término e a nostalgia que se tem dela na vida adulta.


Filme "O espírito da Colmeia" 

O roteirista responsável pela narração, Luciano Simão, teceu um trabalho sentimental em sintonia com a arte do curta, contribuindo para uma identidade onírica e reflexiva, que tornou-se o objetivo deste trabalho desde a sua concepção. "As minhas maiores inspirações, na verdade, não tem nada a ver com o tema central do curta, mas sim com essa atmosfera que ele passa".

Com a arte, a fotografia e o roteiro caminhando na mesma direção, tentamos criar um curta etéreo, beirando o onírico, que atua nas bordas do real e do imaginário. Para a diretora do filme, Natália Moraes "a ideia era captar uma atmosfera, priorizar o sensorial ao invés da história em si".

Texto: Gabriel Massaneiro e Natália Moraes