2001 - Uma Odisseia no Espaço e o silêncio

05:37 agenciagamma 0 Comments


Em 1968, a história do cinema passava por um evento inédito. A MGM, estúdio o qual era considerado pelos críticos e estudiosos do cinema a casa do realismo romântico, financiou um filme que possuía um final inteiramente abstrato:
2001 – Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick.


Aqui, Kubrick produzia sua obra mais experimental, baseada em um conto de Arthur C. Clarke. Tudo desde a montagem lendária, passando pelo misterioso monólito e terminando no final abstrato foi novidade para o cinema ocidental da década de 60 e trouxe, para os anos posteriores, a liberdade de fugir do concretismo, favorecendo trabalhos abstratos que podem ser encontrados até hoje no cinema atual.


Porém, uma das cenas mais negligenciadas de 2001 é a que considero a mais importante. A mais aterrorizante, de todo cinema. O personagem de Gary Lockwood, Frank Poole, tem que realizar reparos extra veiculares e, enquanto navega até o lugar danificado, seu módulo de transporte (controlado pelo computador HAL 9000) corta seu suprimento de oxigênio e o deixa a deriva.
Os segundos que se seguem são de puro terror: o espaço infinito, a escuridão, o 
silêncio. Não há como argumentar contra o silêncio. A ausência de comunicação (escarça no filme por meio de diálogos) causa desconforto no público e é uma experiência raramente encontrada em filmes. Somando isso ao cenário de imensidão e escuridão, leva o espectador a pensar não apenas na mensagem ali passada mas na existência como um todo. 
Mesmo assim, a cena é curta. Essa quebra é muitas vezes esquecida, se analisada ao lado do final do filme. Talvez seja para o melhor.


Texto: Gabriel Massaneiro